Enquanto lia uma revista, essa semana, deparei-me com uma reportagem um tanto quanto confusa, que se propunha a explicar os diferentes tipos de terapia, contemplando as linhas de abordagens existentes. Automaticamente, pensei que essa é uma dúvida muito frequente na prática clínica. Desse pensamento, surgiu a ideia de escrever sobre "o que é" e "de que trata" essa tal terapia de abordagem psicanalítica, linha na qual atuo.
Pois bem, o primeiro mito que norteia o tema encontra fundamento no fato de que as pessoas, de uma maneira geral, concebem a psicanálise como tendo apenas um objetivo, qual seja, o de autoconhecimento, focado numa análise pessoal profunda e extremamente extensa (visão compartilhada pela revista que citei).
É bem verdade que essa é, sim, uma das faces da psicanálise, pois ela também se propõe a municiar, quem assim pretende, de uma análise profunda, que propiciaria não só o autoconhecimento mas, também, inevitavelmente, o desenvolvimento de quem a ela se submete. Nesse caso, na prática, são necessárias várias sessões semanais, com psicanalistas; profissionais que se capacitaram por intermédio de uma formação específica.
Por outro lado, existe a terapia de orientação psicanalítica. Essa, por sua vez, têm como base teórica e referencial a mesma boa e velha psicanálise, hoje tão em voga. Sua prática, todavia, não se foca a um autoconhecimento ou uma análise pessoal, como gostam de dizer os psicanalistas, mas busca tratar todo e qualquer tipo de problema e sofrimento humano, que perpassa desde situações relacionadas a luto, separação, obesidade, dificuldades de relacionamento ou familiares, timidez excessiva, até problemas classificados como doenças, tais como: depressão, transtornos de ansiedade e personalidade, TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), dentre outros.
Em todos esses casos, e em outros não citados, o papel do terapeuta é sempre tentar ajudar o paciente a perceber, num primeiro momento, a situação em si; realidade que muitas vezes não é identificada de forma tão clara. Feito isso, num segundo momento, o objetivo é tentar buscar o que está por trás do problema, servindo como pano de fundo para a situação.
O resultado disso é que, aos poucos, a pessoa vai podendo se inteirar da sua realidade e das condições que possui para lidar com ela e, juntos, terapeuta e paciente, vão buscando e encontrando novos caminhos para o enfrentamento dos problemas que incomodam e entravam o desenvolvimento.
Outra dúvida frequente diz respeito à técnica e instrumentos utilizados pelo terapeuta para chegar ao resultado que descrevi nas linhas anteriores, mas disso falarei numa próxima oportunidade!